O líder chinês Xi Jinping apresentou seu país como uma força para a estabilidade econômica global e prometeu centenas de milhões de dólares para apoiar seus parceiros, em um momento em que o presidente Donald Trump trava uma guerra tarifária global e dizimou a ajuda externa sob sua política “América Primeiro”.
Os comentários de Xi foram feitos durante um discurso nesta segunda-feira (1°), horário local, na cúpula de dois dias orquestrada para destacar a liderança global da China e sua parceria estreita e duradoura com a Rússia, enquanto os dois vizinhos buscam reequilibrar o poder global a seu favor, às custas dos EUA e seus aliados.
O líder chinês prometeu 2 bilhões de yuans (US$ 280 milhões) em subsídios aos estados-membros da OCX este ano e a criação de um Banco de Desenvolvimento da OCS para fornecer “bases mais sólidas” para a segurança e a cooperação econômica entre o bloco.
Sem citar os Estados Unidos, Xi prometeu se opor ao “hegemonismo”, à “mentalidade da Guerra Fria” e às “práticas de intimidação” em discurso com a presença do presidente russo Vladimir Putin, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi e o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan.
Essas frases são frequentemente usadas por Xi para criticar o que ele vê como uma ordem mundial liderada pelos EUA e seus aliados ocidentais.
A cúpula é uma vitrine do estreitamento dos laços entre China e Rússia, bem como da amizade construída ao longo dos anos por seus dois líderes autocráticos.
O profundo relacionamento pessoal entre os dois homens ficou evidente na noite de domingo (31), quando Xi e sua esposa, Peng Liyuan, ofereceram um banquete de boas-vindas aos líderes presentes.
Imagens divulgadas pela agência de notícias estatal russa RIA mostraram Xi e Putin gesticulando animadamente e sorrindo enquanto conversavam no evento, revelando um lado diferente do líder chinês, tipicamente contido, e sua atitude afetuosa e relaxada com seu homólogo russo.
A dupla então caminhou ombro a ombro após posar para uma foto ao lado de outros líderes reunidos, com Xi gesticulando para que Putin caminhasse com ele, passando pelos demais, conforme mostraram imagens divulgadas pelo Kremlin.
A cúpula da OCS também é a primeira oportunidade de os líderes se encontrarem desde a cúpula de Putin com Trump no Alasca, no início deste mês, e ocorre em um momento em que Putin resiste à pressão ocidental para encerrar seu ataque à Ucrânia.
Na semana passada, as forças de Moscou realizaram seu segundo maior ataque aéreo contra a Ucrânia até o momento.
Observadores dizem que Xi vê o encontro – e um grande desfile militar que ele realizará na quarta-feira (3) em Pequim, com a expectativa da presença de Putin, Kim Jong-un, da Coreia do Norte, e cerca de duas dúzias de outros líderes – como um esforço diplomático em um momento crítico.
Enquanto Trump alarma as nações com sua guerra comercial global e se retira de organizações internacionais e da ajuda externa, Pequim considera que os EUA estão minando a ordem internacional que construíram – e vê uma oportunidade de reforçar sua própria visão como alternativa.
Autoridades chinesas elogiaram a OCS deste ano como a maior até agora, anunciando antes do evento que 20 líderes de toda a Ásia e Oriente Médio participariam. Além de Rússia, China e Índia, os membros da OCS incluem Irã, Paquistão, Bielorrússia, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão.
Fonte: CNN