A Enel afirmou, na manhã desta terça-feira (7), que 200 mil imóveis da Grande São Paulo seguem sem energia, quatro dias após o temporal que atingiu a região.
Segundo a empresa, a energia foi reestabelecida para mais de 90% dos clientes que tiveram o fornecimento impactado após o vendaval da última sexta-feira.
Até o momento, cerca de 1,9 milhão de clientes tiveram o serviço normalizado, de um total de 2,1 milhões. A previsão é a de que os trabalhos seja concluídos até a noite desta terça.
A reportagem da TV Globo flagrou diversos caminhões da Enel parados nos pátios da empresa nesta manhã. Questionada, a concessionária ainda não se manifestou sobre o assunto.
Escolas e Unidade de Saúde sem luz
A falta de energia afetou o funcionamento de escolas municipais e estaduais, além de unidades de saúde.
Na Zona Leste, pais se depararam novamente com os portões fechados da Escola Estadual Alcides Boscolo. Segundo a Secretaria Estadual da Educação, a energia foi reestabelecida no local por volta das 11h. A unidade será reaberta para atender alunos no período da tarde
Na UBS/AMA do Jardim Santo André, também na região de São Mateus, um papel informava sobre a falta de luz. “Estamos sem energia. Atendimento manual”. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, a luz já foi reestabelecida na unidade.
Ainda de acordo com a pasta, cerca de 30 unidades ainda registram falta de luz.
Nestes equipamentos, os usuários estão sendo acolhidos e orientados sobre seus atendimentos. Os procedimentos que estavam agendados e não puderam ser realizados serão remarcados para datas próximas.
Todos os hospitais e unidades da rede de Urgência e Emergência sob gestão municipal seguem operando normalmente.
Cobranças e investigação
Nesta segunda-feira (6), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reuniu com o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) para cobrar explicações sobre os problemas no fornecimento de energia
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai abrir, ainda nessa semana, uma investigação para apurar se houve omissão da concessionária Enel no restabelecimento de energia para os consumidores da Região Metropolitana de São Paulo.
A Defensoria Pública de São Paulo também enviou um ofício à Enel, nesta segunda-feira (6), pedindo esclarecimentos sobre interrupção de energia elétrica na capital.
70 horas sem energia
Na Lapa, na Zona Oeste da capital, moradores ficaram sem energia por pelo menos cerca de 70 horas. O ator Fernando Benichio já perdeu todos os alimentos que estavam na geladeira e está tendo que esquentar água para conseguir tomar banho.
Em entrevista ao Bom Dia SP, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), responsabilizou a Enel pela demora na resolução do problema.
“Estamos aqui com todo o esforço, ampliamos as equipes, estamos com a Defesa Civil, pessoal das subprefeituras para poder trazer a cidade de volta o quanto antes. Mas em muitas situações, a gente depende que a Enel faça o seu trabalho de desligamento para poder remover as árvores e reestabelecer a energia. Situação bastante difícil”.
Ele defendeu que a gestão municipal realiza podas constantes, mas que a cidade foi atingida por rajadas de vento suspostamente inesperadas.
De acordo com Nunes, este ano, 10 mil árvores foram removidas por risco de queda. “É um número bastante considerável”, acredita.
Das sete pessoas que morreram em decorrência das fortes chuvas, ao menos quatro foram atingidas pela queda de árvores.
Especialistas ouvidos pelo g1 apontam uma série de problemas de responsabilidade da gestão municipal: falta de manutenção, planejamento, além de árvores plantadas de forma irregular e podas malfeitas.
Ricardo Nunes afirmou que as chuvas de sexta atingiram até “árvores saudáveis” e disse que pedirá à Enel, em reunião agendada na tarde desta segunda, no Palácio dos Bandeirantes, um plano de contingência para evitar desastres por conta de mudanças climáticas. “A prefeitura está se preparando, eu preciso que a Enel também se prepare”, defendeu.
Enterramento de fios
Em 2018, a gestão municipal anunciou um programa que previa enterrar mais de 75 km de fios em toda a capital até o final de 2024. A implementação, entretanto, pouco avançou nos últimos anos.
Nunes disse que a prefeitura não pode cobrar tal medida da Enel e demais empresas de telecomunicações.
“As concessionarias entraram com uma ação judicial e já foi definido no STF que a prefeitura não pode exigir das concessionárias nenhum tipo de ação em relação ao tema. Elas respondem ao governo federal e à Agência Nacional de Energia Elétrica
Ele afirmou que já realizou duas reuniões o presidente da Aneel, com a Enel, e com a presidenta da Agência Nacional de Telecomunicação, para encontrar formas de acelerar os processos de enterramentos – mas nada saiu do plano das ideias.
“A gente já fez alguns enterramentos, hoje temos algumas vias em processo de enterramento, como Alameda Santos e várias na região central, mas é necessário um plano nessa questão.”
Fonte: G1