A candidata a vacina contra a dengue em desenvolvimento pelo Instituto Butantan (Butantan-DV) mostrou eficácia de 79,6% com uma única dose, conforme resultados recém-publicados do ensaio clínico de fase 3. Esse esquema vacinal é muito importante no contexto de epidemias, em que fornecer uma rápida proteção à população é essencial, e facilita a logística e a adesão das pessoas à vacinação. Só em 2023, até novembro, o vírus da dengue havia infectado mais de 1,6 milhão de pessoas no Brasil, com quase mil óbitos, segundo o Ministério da Saúde.
Atualmente, existem duas vacinas contra a dengue aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que demandam de duas a três doses para uma proteção completa. Além de fornecer produção robusta de anticorpos com apenas uma dose, a vacina do Butantan, se aprovada pelo órgão regulador, poderá ser disponibilizada na rede pública.
A necessidade de uma vacina ser administrada em duas ou três doses é uma característica de determinados imunizantes e está diretamente relacionada ao público-alvo e ao patógeno da vacina. No entanto, dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que a cobertura desse tipo de imunizante vai caindo após a dose inicial e muitas pessoas não retornam aos postos ou atrasam para tomar as demais doses.
Em 2022, a vacina a tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) teve 80% de cobertura na primeira dose, e somente 57% na segunda. No caso da poliomielite, a porcentagem do esquema inicial foi 77%, e o reforço aos 4 anos caiu para 67%. Por outro lado, vacinas de dose única, como BCG e hepatite B, tiveram coberturas de 90% e 82%, respectivamente. O mesmo padrão foi observado na pandemia de Covid-19 – de acordo com o Ministério da Saúde, até o início de 2023, 69 milhões de pessoas estavam com atraso na dose de reforço.