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Maria Bethânia é a nova imortal da Academia de Letras da Bahia (ABL). A artista baiana tomou posse na noite desta quarta-feira (3), na sede da instituição que fica no Palacete Góes Calmon, em Salvador. A solenidade foi apenas para convidados.
“Entro na Academia de Letras da Bahia pelo trabalho que faço com a música e com a literatura, com a palavra. Assim, o meu agradecimento em primeiro lugar é para os autores, poetas, escritores de modo geral”, afirmou.
O vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior, participou da posse. Ele compôs a mesa ao lado do reitor da Unversidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Miguez; a Secretária da Secretaria De Promoção Da Igualdade (Sepromi), Ângela Guimarães; e Mãe Ângela, neta de Mãe Menininha do Gantois. A cerimônia foi comandada pelo acadêmico Ordep Serra, presidente da ALB.
Durante seu discurso, Maria Bethânia agradeceu aos familiares, amigos e colegas, ao Senhor do Bonfim e a líderes religiosos do Candomblé. Ela destacou a inspiração dos pais e a importância do irmão, Caetano Veloso, em sua formação na música.
“Como [irmã] caçula, pude ouvir distraidamente todos os grandes compositores, cantores e cantoras do Brasil daquela época. Caetano me traduzia o que ele ouvia”.
“Caetano sempre foi meu guia e mestre do meu barco”, afirmou.
A artista foi eleita como nova imortal em outubro de 2021, para ocupar a Cadeira 18 – cujo patrono é o advogado Zacarias de Góes e Vasconcelos. Ela será a 5ª titular da cadeira, que foi ocupada pelo historiador, ensaísta e professor Waldir Freitas Oliveira, que morreu em junho de 2021, aos 92 anos.
“Para mim a importância de tamanha honraria é ser uma distinção da terra onde eu nasci, como se eu estivesse sendo recebida em festa do lugar de onde eu nunca saí: a Bahia, estação primeira do Brasil“, disse.
Ao finalizar o discurso, Bethânia cantou o primeiro trecho da música “Onde o Rio é Mais Baiano”, de seu irmão, Caetano Veloso, lançada em 1997.
Sobre Maria Bethânia
Nascida em Santo Amaro, Maria Bethânia Teles Veloso tem 76 anos de idade e mais de 55 de carreira na música. Com mais de 50 álbuns gravados, ela tem o costume de acrescentar poemas de escritores como Fernando Pessoa, João Guimarães Rosa, Vinicius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade em suas músicas.
A ALB elegeu Bethânia por ser “uma defensora das letras”, e “divulgar em seus espetáculos as obras de nomes como Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Sophia de Mello Breyner Andresen, Guimarães Rosa entre outros”.
Para a artista, ocupar a cadeira 18 é uma honra por causa das “histórias fortes de guerreiros” que a ocuparam anteriormente.
“O patrono [ da cadeira 18] foi um defensor da melhor administração dos bens coletivos em um país onde os homens públicos, nos tempos do Império como nos dias de hoje, não raro abandonam o sentimento de dever que deles espera a sociedade”, afirmou.
Nos registros literários, Bethânia aparece como autora de obras como “Omara & Bethânia – Cuba & Bahia”, livro que acompanhou o DVD de mesmo nome, que registrou o encontro da baiana com a cantora cubana Omara Portuondo. Ela ainda participou de diversas feiras literárias.
Entre as poucas composições de Bethânia estão “Trampolim”, “Luz da Noite”, “Pássaro Proibido” e “Caras e Bocas”, todas em parceria com o irmão Caetano Veloso; além de “Carta de Amor”, com Paulo César Pinheiro e outras duas composições com Rosinha de Valença, Cana Caiana e Reino Antigo.
Fonte: G1 Bahia