A Polícia Civil do Distrito Federal fez nesta quinta-feira (24) uma operação contra um grupo suspeito de estelionato, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Um dos alvos foi Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os policiais saíram bem cedo para cumprir dois mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão. Eles estiveram em dois endereços de Jair Renan Bolsonaro: um apartamento em Brasília e outro em Balneário Camboriú, Santa Catarina – e apreenderam um celular e um HD.
Outro alvo foi Maciel Alves de Carvalho, apontado pela polícia como mentor do suposto esquema de fraudes. Ele foi preso preventivamente nesta quinta (24). Maciel foi instrutor de tiro do filho de Bolsonaro. Ele e Jair Renan já postaram fotos juntos nas redes sociais.
No início de 2023, Maciel foi alvo de outras operações da Polícia Civil sobre uso de documentos falsos e emissão ilícita de notas fiscais. O material apreendido nesses casos levou a polícia aos supostos crimes investigados agora: associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro.
Segundo a polícia, o objetivo do esquema era dissimular patrimônio e proteger Jair Renan e Maciel Carvalho de responsabilidades legais e fiscais.
“Eles utilizavam pessoas laranjas para colocar essa empresa no nome dessas pessoas e assim fugir de responsabilidades com órgãos públicos ou com dívidas com pessoas jurídicas. Então, era uma forma deles blindarem seu patrimônio transferindo ou criando empresas em nomes de laranjas”, afirma Leonardo Cardoso, diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado.
As investigações mostram que o esquema funcionaria assim: Jair Renan e Maciel Carvalho seriam os donos de empresas que oficialmente estavam no nome de dois laranjas: Eduardo Alves dos Santos e Marcos Aurélio Rodrigues dos Santos. Os investigadores descobriram que Eduardo Alves usou identidade falsa para abrir conta em banco. Ele está foragido por ter cometido, em 2009, um assassinato e nesta quinta-feira (23) teve a prisão preventiva decretada.
O advogado de Marco Aurélio admitiu que ele recebeu a empresa Bolsonaro Jr. Eventos e Mídia de presente de Jair Renan.
O senador Flávio Bolsonaro disse que a operação desta quinta-feira (24) parece uma perseguição a Bolsonaro e seu entorno. Classificou o irmão como uma pessoa que não tem onde cair morta e, que por isso, segundo ele, não faz sentido a investigação por lavagem de dinheiro. O advogado de Jair Renan disse que ele está surpreso, mas absolutamente tranquilo.
Os investigadores, agora, vão começar a análise de todo o material apreendido.
“O objetivo seria apreender mais provas que robustecessem essa investigação. Foram apreendidos, então, aparelhos de telefone celular, outras mídias eletrônicas nas casas dos alvos. Esse material vai ser extraído desses telefones celulares, analisados pelos investigadores e poderão contribuir para essa investigação”, diz Leonardo Cardoso.
A defesa de Maciel Alves de Carvalho disse que a narrativa da investigação não condiz com a verdade e que os fatos serão esclarecidos perante a autoridade competente.
A defesa de Marcos Aurélio Rodrigues dos Santos declarou que ele recebeu a empresa de Jair Renan de forma legal, que não houve pagamento porque não havia faturamento; que Marcos Aurélio tem conduta ilibada e demonstrará sua inocência.