Em meio a uma série de investigações globais sobre suspeitas de evasão fiscal e envolvimento em atividades de lavagem de dinheiro, a corretora de criptomoedas Binance tem Guilherme Haddad Nazar, sobrinho do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), no cargo de chefe de sua filial brasileira.
A conexão entre a Binance e Guilherme Haddad ressurge nos holofotes da grande mídia num momento em que o Ministro Haddad busca ampliar as fontes de arrecadação de impostos para atingir a meta de zerar o déficit das contas públicas neste ano.
Enquanto as corretoras sediadas no Brasil pagam Imposto Sobre Serviços (ISS) sobre as taxas de corretagem e reportam as transações à Receita Federal, a Binance esquiva-se dessa tributação, argumentando ser apenas uma operadora internacional sem sede no Brasil.
Apesar de não ter uma sede oficial, a empresa mantém uma operação robusta no país, com Nazar no comando e Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-candidato à Presidência da República, no conselho consultivo.
Diante da situação, Nazar chegou a prestar depoimento perante a CPI das Pirâmides Financeiras no último ano, que categorizou a corretora como uma plataforma propícia a golpes financeiros. Tanto o sobrinho de Haddad quanto o ex-CEO, Changpeng Zhao, conhecido como CZ, estão sujeitos a pedidos de indiciamento provenientes da referida comissão.
O depoimento do sobrinho de Haddad em setembro destacou a posição da Binance de não recolher tributos, argumentando que a “compra e venda de criptoativos é feita por empresas não brasileiras”. Embora seja difícil determinar o montante exato devido em impostos, a CPI estima que a empresa deveria contribuir com cerca de R$ 300 a R$ 400 milhões anualmente, com base em informações reveladas durante um litígio com o banco Acesso.
A corretora não apenas deixa de pagar ISS sobre taxas de corretagem, como também não reporta à Receita Federal a movimentação de seus clientes, o que impede a cobrança de imposto de renda sobre ganhos de capital.
Em resposta, Nazar ressaltou a responsabilidade dos usuários em fazer o “devido reporte à autoridade”, negando aconselhamento fiscal direto.
O filho da irmã do Ministro Haddad foi nomeado diretor da empresa em dezembro de 2022, gerando controvérsias pela proximidade com o tio.