Tentativas de linchamentos em praias do Rio já chegam a 12 em três semanas

Por volta de 17h15 do último dia 26, cinco guardas municipais do Grupamento de Operações Especiais (GOE) participavam da Operação Verão patrulhando o calçadão na altura do Posto 8 de Ipanema. Eles foram acionados para socorrer Cleberson da Silva Oliveira, de 20 anos, que estava sendo agredido na areia com socos, chutes e até com paus de guarda-sol após ser supostamente flagrado furtando o celular de um banhista.Em três semanas, o rapaz foi o décimo segundo suspeito de praticar crimes a ser vítima de tentativa de linchamentos na orla da Zona Sul do Rio.

“Corremos até ele enquanto uma multidão de mais de 50 pessoas o cercava e o agredia. Quando o alcançamos, os populares se dispersaram e conseguimos resgatá-lo já desacordado e bastante machucado, com cortes na cabeça, hematomas e escoriações nos braços, pernas e tronco. Em 28 anos de profissão, nunca tinha me deparado com tamanha selvageria”, conta o líder operacional da Guarda Municipal Elias Pedro da Silva, que participou da ocorrência.

Um levantamento feito pelo #JornalOGlobo cruzando dados da própria Guarda Municipal, das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e ainda informações de vídeos postados em redes sociais mostra que, de 5 a 26 de janeiro, foram praticados pelo menos cinco crimes semelhantes em Ipanema, um no Arpoador, três em Copacabana e três no Leme. Neste último bairro, dois dos casos foram flagrados em um intervalo de dez horas, na última quarta-feira, dia 26.

“O ordenamento jurídico não admite fazer justiça com as próprias mãos, salvo nas situações excepcionalíssimas de legítima defesa ou defesa da posse, que não se aplicam a esses casos. O chamado linchamento é uma prática criminosa para todos os que participam materialmente e até para quem o instiga. O fato de supostamente a vítima ter praticado algum crime não isenta quem participa do linchamento de responsabilidade criminal, dado que configura homicídio ou tentativa de homicídio qualificado”, explica o advogado Sérgio Chastinet Duarte,professor de Direito Penal da PUC-Rio.

 

Informações do Jornal O Globo

 

Ailton Junior

Ailton Junior

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