Reitores das universidades federais criticam a falta de recursos para a manutenção das instituições de ensino. Eles afirmam que os valores liberados ainda são insuficientes para retomar os projetos e abarcar os investimentos necessários. Dezenas de instituições federais de todas as regiões do país acumulam obras paradas ou atrasadas e projetos abandonados em razão da queda de orçamento que viveram nos últimos anos.
Apesar de concordarem com a necessidade de expansão das universidades federais, como quer o governo, os gestores afirmam ser ainda mais necessário aumentar o financiamento, já que não há recurso suficiente nem mesmo para o pleno funcionamento das instituições existentes.
“Nossa expansão ocorreu às vésperas do processo de subfinanciamento das universidades. Nossos dois novos campi nasceram e dois anos depois veio o teto de gastos do governo Temer e a queda de orçamento. O que nos sobrou? Um espólio de obras paradas”, diz Heron Bonadiman, reitor da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em reportagem do jornal Folha de S. Paulo. Considerando apenas as mais estratégicas, são 19 obras que não saíram do papel.
Quando o campus de Unaí foi planejado, era prevista a construção de três prédios, mas apenas um deles já foi concluído. A universidade também não conseguiu recursos para terminar a urbanização do campus. “Até agora a unidade está na terra, não temos dinheiro para fazer calçamento, arborizar o entorno”, relata o reitor.
Sobre repasses, há casos ainda piores. A Universidade de Brasília (UnB) recebeu R$ 1 para custear suas obras neste ano. Em 2014, foram R$ 46 milhões. Isso deixa a instituição sem capacidade de concluir obras importantes, casos do novo prédio da faculdade de agronomia e medicina veterinária (previsto para 2023) e do novo prédio do instituto de física.
Algumas universidades relataram não ter recursos nem mesmo para obras necessárias para garantir a segurança dos estudantes e funcionários. São os casos de Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Universidade Federal de Alfenas (Unifal), sem dinheiro para reparos urgentes de prevenção e combate a incêndio.
Mesmo com todas as dificuldades, porém, a reitora defende ampliação de vagas no ensino superior. Ela lembra que o país segue longe de atingir as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) com relação ao acesso de estudantes para cursos de graduação nas universidades públicas.
O plano, que vence neste ano, estabelece que o país deveria chegar ao fim de 2024 com ao menos 33% da população de 18 a 24 anos matriculada ou já tendo concluído um curso de graduação. Segundo o IBGE, em 2023 a proporção alcançou apenas 26,3%.