Em carta, Klara Castanho diz que foi violentada não só pelo homem que a estuprou, mas também pelo julgamento das pessoas

Foto: Reprodução

A atriz Klara Castanho, de 21 anos, divulgou uma carta em que revelou que foi vítima de estupro, engravidou e decidiu entregar a criança para adoção seguindo todos os trâmites legais. A atriz não queria expor esse episódio de sua vida, mas sites e redes de fofocas trouxeram não só a história a público, mas também especulações e ataques à atriz. Tudo começou com um post do jornalista Matheus Baldi no dia 24 de maio, dizendo que Klara teria dado à luz a uma criança. A pedido da própria atriz esse post foi apagado, mas a notícia se espalhou. Na última quinta-feira (23), a apresentadora Antônia Fontenelle incitou ainda mais os comentários contra Klara na internet. Sem citar o nome da atriz, ela disse em uma live, em tom bastante agressivo, que uma atriz de 21 anos teria engravidado e entregue o bebê para adoção. E depois disso, Klara se manifestou pela primeira vez sobre o assunto, através de uma carta aberta em sua rede social. “Fui estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte porque algo morreu em mim”, declara a Klara. Klara conta que seguia menstruando normalmente e que não havia ganhado peso. E que ao contar para o médico que havia sido estuprada, se sentiu violada e culpada novamente.

“Esse profissional me obrigou a ouvir coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-la…”, conta Klara na carta.

A advogada Fayda Belo explica que mesmo que Klara não tivesse sido estuprada, ela poderia legalmente entregar a criança para adoção.

“Toda mulher, ainda que não seja vítima de um estupro, que queira não ficar com um bebê, ela tem esse direito. A lei confere a ela esse direito. Inclusive o direito ao parto de maneira sigilosa.”, explica a advogada.

Klara conta ainda na carta que no dia em que o bebê nasceu, foi abordada e ameaçada por uma enfermeira na sala de cirurgia com as seguintes palavras: “Imagine se tal colunista descobre essa história”. E quando Klara voltou para o quarto, já havia mensagens do colunista com todas as informações.

Depois da divulgação da carta de Klara, o colunista Léo dias, do site Metrópoles, publicou um texto detalhando o caso. A advogada Fayda Belo diz que tanto Léo Dias como Antônia Fontenelle podem responder por difamação. Neste domingo (26) , Léo Dias publicou um pedido de desculpas à atriz. Ele diz que não deveria ter escrito nenhuma linha sobre esta história ou ter feito qualquer comentário sobre algo do qual não tem o direito de opinar. Em postagem, Lilian Tahan, diretora de redação do Metrópoles, diz que “O site expôs de forma inaceitável os dados de uma mulher vítima de violência brutal e que a matéria foi retirada do ar”. Nas redes, a revelação dessa história causou indignação contra Léo Dias e contra Antônia Fontenelle. O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo e o Conselho Federal de Enfermagem estão apurando a denúncia. O Hospital Brasil se solidarizou.

Um outro fato de estupro recente com grande repercussão foi o da garota de 11 anos que teve o aborto negado. A Justiça de Santa Catarina havia negado que a vítima de estupro realizasse um aborto autorizado. Em despacho expedido em 1º de junho, a magistrada Joana Ribeiro Zimmer, da 1ª Vara Cível de Tijucas, a 50 quilômetros de Florianópolis, decidiu pela permanência da criança em um abrigo com o objetivo de mantê-la afastada do possível autor da agressão sexual e também para impedir que a mãe da menina, responsável legal pela filha, levasse a cabo a decisão de interromper a gravidez.

O caso ganhou repercussão nacional na última segunda-feira, 20, após divulgação da gravação de uma audiência realizada no dia 9 de maio. Na gravação, a mãe parece desesperada e pede pela volta da filha para casa.

“Foi muito difícil. Chorei, me desesperei, gritei dentro do Fórum”, lembra. “Porque era um ser acima de mim. Uma lei acima de mim.”

No vídeo vazado, a juíza pergunta à menina se ela “suportaria” manter a gravidez por mais algumas semanas. “Eu acho que eu deveria responder por ela, não ela. Ela é uma criança. Ela é muito imatura”, ponderou a mãe. “Se eles queriam preservar tanto a minha filha, era algo que não deveria ser perguntado para ela.” Ficar longe da filha, destacou, foi um dos “momentos mais difíceis” da vida dela. “Todos os dias eu chorava. Quando eu ia visitar, ela chorava e pedia para ir para casa”, contou. “Eu ter que falar para ela filha, agora a mãe não pode fazer nada’. Isso doía muito.” Na terça, 21, a menina recebeu autorização para voltar para casa, concedida pela desembargadora Cláudia Lambert de Faria. Na quarta, 22, ela teve a gestação interrompida – o que é previsto por lei em caso de estupro.

Com Informações do g1 e Correio Braziliense.

Ailton Junior

Ailton Junior

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