O presidente Lula exonerou o número 2 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) o diretor adjunto, Alessandro Moretti. A exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial na noite dessa terça-feira e veio horas depois de Lula ter falado em entrevista a uma rádio que, se ficasse comprovado o envolvimento de Moretti no monitoramento ilegal de celulares feito no governo Bolsonaro, não haveria condições dele permanecer na instituição.
Essa demissão ocorre em meio às investigações da PF sobre a produção de informações clandestinas dentro da Abin – chamada de Abin paralela – durante a gestão do então diretor e atual deputado federal, Alexandre Ramagem, que foi alvo da operação na semana passada. Outro alvo é o vereador Carlos Bolsonaro, que sofreu buscas e apreensões na segunda.
Moretti estava na Abin desde março de 2023 e continuou lá por ter relação de confiança com o diretor-geral Luiz Fernando Corrêa, nomeado pelo presidente Lula.
Com a saída de Moretti, posto vai passar a ser ocupado por Marco Aurélio Chaves Cepik, que é professor universitário e o atual diretor da Escola de Inteligência da Abin.
Antes da Abin, Moretti tinha ocupado a direção de Inteligência Policial e de Tecnologia da Informação e Inovação também da PF e chegou a ser secretário-executivo de Segurança Pública do Distrito Federal, entre 2018 e 2020.
Foram exonerados mais quatro diretores da Abin e nomeados outros sete, mas a publicação do Diário Oficial não traz os nomes de quem entra e de quem sai, justamente por se tratar de um órgão de inteligência.
Outro passo dado pela Polícia Federal nessa investigação vai em direção ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na época. O general Augusto Heleno, que comandava o GSI, foi intimado para depor. O depoimento deve ocorrer na semana que vem, na terça-feira, 6 de fevereiro.
Como a Abin era subordinada ao GSI, os investigadores querem saber se Heleno tinha conhecimento desse monitoramento clandestino.
Fonte: Agencia Nacional